Estava eu ainda de "balão" (como
apelidava carinhosamente um amigo o meu estado de gravidez...) quando volta e
meia me punha a ler os textos soltos de Joana Gama. Afectada, mais ou menos na
mesma altura, por um estado revolucionário hormonal semelhante ao da autora
revi-me em alguns parágrafos, uma ou outra dúvida mas, acima de tudo, muitos
desabafos.
Hoje, a Joana Gama publicou um texto sobre um dos temas de maior controvérsia entre as Mães (as mais recentes no ofício, claro está!): a amamentação. Éum texto bem escrito, apanágio da autora, em que muito resumidamente (e sem papas na língua) afirma que "decidir não dar maminha é uma escolha cretina e preocupante".
Para a meia dúzia de leitores (sois os
maiores!) que volta e meia dão tempo de antena ao que aqui debito, fiquem
descansados que não me irei pôr aqui a opinar sobre o tema amamentação per
se, porque isto das maminhas, é como as opiniões, cada um tem as que tem,
dá as que pode, como pode, quando quer e a mais não é obrigado. Mas correndo o
risco (calculado e assumido) de cair na repetição de um tema que me é querido,
aí vou eu de arma em punho em defesa do género feminino!
Partilho da visão da Joana Gama quando refere
que uma Mãe informada vale por duas, ou três, ou pelo bairro inteiro, mas
apenas porque considero que ser-se informado é meio caminho andado para evitar
decisões mancas em toda a extenção da nossa existência, não apenas na
Maternidade. Portanto nisso, Joana, estamos 100% de acordo!
A parte lixada da coisa é quando se parte
para o julgamento. Seja "cretina e preocupante" ou informada e
validada, facto é que a Joana se refere a escolhas...e essas são pessoais e
intransmissíveis. E é neste ponto que me atinge a acusação de uma par.
Joana, porra, somos Mulheres, e para mais,
Mães!
Todos os dias, cada uma à sua maneira,
enfrentamos desafios que acima de tudo merecem a compreensão de quem nos
assemelha. Tens o direito (e até a obrigação!) de mediante a tua experiência
pessoal considerar-te mais que apta a abordar certos assuntos, explicando a tua
perspectiva, mas não me parece justo consubstanciares toda a tua tese
diminuindo e enxovalhando quem apenas vê é vive uma realidade diferente da tua
por muito bizarro que te possa parecer. Isto de andarmos aqui a motivar
bofetada, apontando o dedo a escolhas alheias com desprezo, soberba e altivez
ao invés de sermos solidárias e tolerantes (enfim, Mães!) é, na sua génese, tão
ou mais ignorante como os comportamentos que tão veemente te debates.
Estou cansada de ver mulheres na arena a
degladiarem-se até à humilhação suprema. Atacamos escolhas pessoais sem nos
darmos conta do famoso "big picture", aquele em que levianamente nos
bombardeamos de acusações irreflectidas e que borra a pintura toda.
Das tuas maminhas, das tuas escolhas e de
seres a melhor Mãe possível para a tua Irene sabes tu. Das minhas maminhas, das
minhas escolhas e de ser a melhor Mãe possível para a minha Irene (hã, diz
lá que não tenho bom gosto, Joana!?) sei eu. Mas motivar, informar e
apoiar o nosso género sabemos todas sem excepção. Basta fazê-lo!
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