02/12/2014

A escolha da Joana

Estava eu ainda de "balão" (como apelidava carinhosamente um amigo o meu estado de gravidez...) quando volta e meia me punha a ler os textos soltos de Joana Gama. Afectada, mais ou menos na mesma altura, por um estado revolucionário hormonal semelhante ao da autora revi-me em alguns parágrafos, uma ou outra dúvida mas, acima de tudo, muitos desabafos.

Hoje, a Joana Gama publicou um texto sobre um dos temas de maior controvérsia entre as Mães (as mais recentes no ofício, claro está!): a amamentação. Éum texto bem escrito, apanágio da autora, em que muito resumidamente (e sem papas na língua) afirma que "decidir não dar maminha é uma escolha cretina e preocupante"

Para a meia dúzia de leitores (sois os maiores!) que volta e meia dão tempo de antena ao que aqui debito, fiquem descansados que não me irei pôr aqui a opinar sobre o tema amamentação per se, porque isto das maminhas, é como as opiniões, cada um tem as que tem, dá as que pode, como pode, quando quer e a mais não é obrigado. Mas correndo o risco (calculado e assumido) de cair na repetição de um tema que me é querido, aí vou eu de arma em punho em defesa do género feminino!

Partilho da visão da Joana Gama quando refere que uma Mãe informada vale por duas, ou três, ou pelo bairro inteiro, mas apenas porque considero que ser-se informado é meio caminho andado para evitar decisões mancas em toda a extenção da nossa existência, não apenas na Maternidade. Portanto nisso, Joana, estamos 100% de acordo! 

A parte lixada da coisa é quando se parte para o julgamento. Seja "cretina e preocupante" ou informada e validada, facto é que a Joana se refere a escolhas...e essas são pessoais e intransmissíveis. E é neste ponto que me atinge a acusação de uma par.

Joana, porra, somos Mulheres, e para mais, Mães! 
Todos os dias, cada uma à sua maneira, enfrentamos desafios que acima de tudo merecem a compreensão de quem nos assemelha. Tens o direito (e até a obrigação!) de mediante a tua experiência pessoal considerar-te mais que apta a abordar certos assuntos, explicando a tua perspectiva, mas não me parece justo consubstanciares toda a tua tese diminuindo e enxovalhando quem apenas vê é vive uma realidade diferente da tua por muito bizarro que te possa parecer. Isto de andarmos aqui a motivar bofetada, apontando o dedo a escolhas alheias com desprezo, soberba e altivez ao invés de sermos solidárias e tolerantes (enfim, Mães!) é, na sua génese, tão ou mais ignorante como os comportamentos que tão veemente te debates. 

Estou cansada de ver mulheres na arena a degladiarem-se até à humilhação suprema. Atacamos escolhas pessoais sem nos darmos conta do famoso "big picture", aquele em que levianamente nos bombardeamos de acusações irreflectidas e que borra a pintura toda.

Das tuas maminhas, das tuas escolhas e de seres a melhor Mãe possível para a tua Irene sabes tu. Das minhas maminhas, das minhas escolhas e de ser  a melhor Mãe possível para a minha Irene (hã, diz lá que não tenho bom gosto, Joana!?) sei eu. Mas motivar, informar e apoiar o nosso género sabemos todas sem excepção. Basta fazê-lo!

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