20/03/2013

Um post da Seca #1


Por estes dias estava a tentar animar com alguns conselhos uma pessoa amiga quando a referida pessoa interrompe o meu raciocínio e me atira qualquer coisa como "isso são as tuas teorias chinesas?". Fiquei ali no limbo de lhe atirar um sonoro "vai à merda", mas pelo contrário dei por mim a responder "não são teorias mas sim experiência". Depois de finalizada a conversa fiquei a raciocinar nesta coisa de dar conselhos

Nos últimos anos tornei-me a conselheira de muitas pessoas e de bastantes ocasiões. Devo ter uma cara que inspira confiança. Ou então tenho qualquer coisa escrito na testa. Facto é que muitas pessoas - até estranhos - se aproximam de mim para me confidenciar os seus problemas, os seus desajustes temporários com a realidade, os seus desamores e os seus segredos mais cabeludos. Eu oiço tudo. Umas vezes com mais, outras vezes com menos atenção, mas oiço tudo de todos. 

A vida ensinou-me a tentar não julgar ninguém. Não quer dizer que por vezes não o faça, mas conscientemente tento evitar essa armadilha. 

Cada problema é um problema e deve ser visto como tal, mas nesta matéria de aconselhar tudo se resume a dois tipos de pessoas: os que querem ajuda e os que querem ter razão. 

As pessoas que querem ajuda, pedem-na. Estão dispostos a ouvir, mesmo quando não compreendem a totalidade do conselho. Aceitam o que lhes é dito e são aquelas a quem os conselhos vão sempre mais longe. Por vezes são mesmo ao género "levar na cabeça" porque no fundo se apercebem que a mudança se impõem. São pessoas que mais tarde ou mais cedo acabam por evoluir na resolução do seu problema. Percebem the whole picture e, claro, ficam gratas pelo tempo, pela paciência e pelo apoio que se lhes demonstra. 

Os aconselhados que querem ter razão são pessoas que querem aprovação para as suas acções/comportamentos mesmo quando estão tacita e redondamente errados. É dificílimo lidar com pessoas neste estágio. Qualquer conselho que se dê terá de ser com pézinhos de lã. Mais que ouvir um conselho querem ouvir as próprias palavras a ressoar no éter, querem aprovação e, claro, julgamento favorável. Algumas destas pessoas chegam a ser verdadeiros vampiros energéticos, provocam cansaço, sugam a paciência e a compreensão. São pessoas que mereciam um ou dois berros e até uns safanões, mas no fundo são pessoas que estão debilitadas emocionalmente e que por muito que sejam vítimas e carrascos do seu próprio estado, merecem toda a compaixão.

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