07/03/2013

To be or not to be...or maybe something more suitable in the middle.


Gosto de ouvir os outros. Gosto das opiniões alheias. Gosto de pessoas que tenham uma visão diferente da minha. Aliás, gosto mesmo muito! Mas nos tempos que correm, discutir opiniões é criar conflitos, é ser-se chato ou, pior, convencido. Eu e tu vivemos na Era das opiniões democratizadas, em que os extremos são profundamente desaconselhados, proibitivos até. Explorado na década de 90, o termo "Politicamente Correcto" é o Jeans do pensamento em sociedade: fica bem com tudo! 

Ser-se defensor de um ideal já não existe. O ideal é um animal que nem tempo de entrar em vias de extinção teve. Foi escorraçado dos quintais com uma pinta desgraçada. Já não há quem alimente opiniões relevantes, diferentes, políticas, idealistas, extremistas, revolucionárias, reaccionárias, escanifobéticas (adoro esta palavra!), comunistas, fascistas, moralistas, perversas. 

"Não sou partidário! Nem sequer gosto de política! Sou apenas a favor da Paz" dizemos com orgulho como se tivéssemos a concorrer à Miss Mundo. É preferível um rosto consensual que agrade a gregos e a troianos, que um renegado pela sociedade. Voltaire atirou para a posteridade qualquer coisa como "posso não concordar com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até à morte o vosso direito de as dizer". Hoje, nem se daria ao trabalho de twitar metade...   

E é com pézinhos de lã, sem ofensas, nem elogios, que fugimos de discutir opiniões, porque a discussão é vista como um ataque à opinião do próximo. Já não há luz, porque essa supostamente nascia com a discussão e não havendo discussão não há fecundação que a traga ao mundo. Mas apesar de tudo, estamos bem. A colonização do politicamente correcto correu às mil maravilhas.
  
Digam o que disserem é preferível ter uma alma democrática. Democraticamente acéfala. Ou então usar uma máscara.

2 comentários:

  1. Ora é por isso mesmo que gosto de ser politicamente incorrecto assim com esta "democracia" diz-me tanto como a 1ª camisa que vesti. E mesmo essa ainda me recordo de a ver religiosamente guardada pela minha mãe.

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  2. Não é necessário ser-se politicamente incorrecto. Basta ser-se convicto e fiel, apenas e somente ser-se. A incorrecção - neste caso a incorrecção política - leva ao julgamento e, a meu ver, não há nada mais fraco que julgar os outros.

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