14/11/2012

It's a long road...


Há dez anos que vivo fora de Portugal. Deixar o meu país nunca foi uma escolha per se, nem sequer uma hipótese, mas acabou por acontecer. Desde então cheguei a passar meses, até mesmo anos, sem pôr os pés em Portugal, fosse por trabalho ou apenas porque sim.
Aprendi a lidar com as saudades e a contar apenas comigo em todos os momentos. Fiz algumas tentativas de me integrar com a comunidade portuguesa nos sítios onde estive emigrada, mas por incapacidade (entenda-se falta de paciência) minha ou dos outros, facto é que essa integração foi, na maioria das vezes, falhada. Aceitei a cultura e mentalidade dos países onde vivi com a noção de que Pátria é aquela que nos acolhe. E adaptei-me, sem resistência, principalmente nos momentos de (grande) dificuldade.
Em troca vivi experiências fantásticas, expandi os meus horizontes e identifiquei regras de sobrevivência universais: 1) respeitar o próximo não é uma mera opção, mas sim um dever 2) os problemas são SEMPRE relativos. 
Claro está que na prática nem tudo são rosas. A grande mossa de todo este cenário de caixeiro-viajante é que deixei de sentir na primeira pessoa a realidade do meu próprio país. Obviamente sigo as notícias, falo com a família e amigos que em conversas encurtam a distância, mas nada disso me faz mais próxima da realidade portuguesa. 
É por esta razão que ultimamente sinto que devo pesar bem a minha opinião e sobretudo as minhas palavras quando faço referência à conjuntura sócio-económica do país. Como portuguesa que sou é claro que a minha cabeça tem o direito de dar a sua sentença, mas estou consciente que o trilho que é seguido pelos meus compatriotas em nada se compara ao meu. Não quer isto dizer que vivo uma vida sem problemas (a crise prolifera no continente europeu) ou sequer que a emigração é resposta para os males do país. Longe disso. Por muito triste que seja significa apenas que não tive coragem para esperar, acreditar e lutar mais por aquela que é a minha terra. Significa que decidi abandonar o barco porque já há dez anos me sentia a afogar. Não quis abrir mão da realização de nenhum dos meus sonhos e para isso era vital recuperar a esperança fosse onde fosse. 
Sei que o trilho que a grande maioria dos portugueses segue é difícil (muito difícil), árduo e pejado de injustiças mas também sei que a luz só tem origem no final do túnel. 

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