13/08/2014

Viveu...


...e depois suicidou-se. 
Pouco mais há a dizer quando é este o fim para a história de uma vida. Foram já tantos os que "tinham tudo" mas que, no entanto, tudo decidiram largar. De facto, para quem se considera dispensável o tudo nada pesa na balança. Ou, se calhar, pesa em demasia. 
Desta vez foi o Robin.

Como diria a nossa querida Lili estar vivo é o contrário de estar morto. Facto inegável. Afirmação lapalissada que tanta risada provocou, mas cuja evidência chega a roçar o filosófico. De facto, para viver é preciso não estar morto. Morto por dentro. Ou pior, vivo porque tem de ser, como se a vida fosse um fardo. Pesado. Inevitável. Não creio haver pior vida que aquela em que já estamos mortos. 

Há quem se considere desnecessário, há quem se veja como um estorvo para os outros, há quem olhe para o espelho e veja um estorvo para si mesmo e depois há quem simplesmente já nem sinta. Acho ser este o motivo da inevitabilidade do suícidio. O nada que consome a vida e veja a morte como uma libertação de uma escravidão existencial.
Viver não é fácil. As dores de crescimento não são um exclusivo do esqueleto, nem sequer estancam com a definição da nossa fisionomia adulta. Continuam para lá da nossa idade, das nossas escolhas e, acima de tudo dos nossos planos. Pressupõe crescimento. E crescer dói tanto aos 8 como aos 80 - talvez até doa mais aos 80. Mas seja em que circunstância fôr, o suícidio é e será sempre uma escolha. Há quem a rejeite, há quem a considere e há quem a ponha em prática. 

Não sou ninguém para discutir as escolhas dos outros, aliás quem me dera se em tantas situações me deixassem em paz com as minhas escolhas e as minhas decisões, por muito erradas ou desadequadas que possam parecer. No entanto, quando alguém escolhe terminar a vida não consigo evitar um e se...

Quase sempre a custo, aprendi com a vida a ser positiva e, talvez por estar bem treinada, desconheço a existência de problemas sem solução. Esta minha visão não significa que um dia tenha acordado e *puff* não há mais problemas, mas tão somente ter percebido que (se) quando a solução não é evidente, solucionado está o problema e o melhor é aceitar as evidências.

Mas não é apenas o haver solução para todos os problemas que me move mas acima de tudo o ter assistido a grandes lutas pela sobrevivência. Vi apagarem-se vidas de quem tudo daria e faria por mais um dia a respirar.
Bom, mas isto agora já não interessa! Se calhar era chegada a sua hora. Se calhar um abraço teria ajudado a aguentar mais um dia, uma semana, um ano. Ou se calhar o fim é mesmo assim, não interessam os moldes. 

Seja qual fôr o se, não dói menos saber que há quem simplesmente desista. 


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